A intolerância
das coisas que não entendo, ou melhor entendo, entendo que é apenas pela cegueira voluntária que algumas pessoas fingem ter, é o facto de eu ser chamado de hipócrita só porque tenho uma opinião diferente.
De repente, apenas porque sou contra a liberalização do aborto, sou automaticamente convertido num organizador de excursões a Badajoz, quase que apresentado como se fosse um funcionário a recibos verdes a soldo de uma qualquer clínica.
Ser chamado de hipócrita só porque tenho uma opinião diferente é uma clara prova da má fé de alguns que dizem estar a lutar pela liberdade individual de atitude. Como seria isso possível se nem respeitam uma opinião diferente? Passam logo ao insulto!
Este acto de insulto, a que os Media dão, em geral, cobertura, constitui uma violência psicológica, que contribui para que muita gente tenha vergonha de afirmar publicamente "EU SOU PELA VIDA". Constitui a posição politicamente incorrecta, a posição dos atrasados mentais ou dos... hipócritas. O simples facto de ser possível apresentar este insulto e, mesmo assim, continuarem a ser considerados gente civilizada e honesta, é uma prova que neste debate, além de quererem liberalizar o aborto QUEREM TAMBÉM ABORTAR O NOSSO DIREITO A PENSAR DIFERENTE.
A falta de honestidade de alguns oponentes não constitui um argumento pelo não. Mas constitui motivo de reflexão por que querem evitar discussões civilizadas, porque têm medo de reconhecer que deste lado também estão pessoas com cabeça, com inteligência, com opiniões, com coerência...
No entanto, numa coisa esta estratégia cobarde e indigna dá resultados: muitos opositores à liberalização do aborto têm medo de o afirmar publicamente (como se viu no referendo de 98, em que até as sondagens à boca das urnas davam uma vitória clara ao Sim, mas o resultado foi a vitória do Não), têm receio de ser insultados pelos politicamente correctos. Consequência: por vezes os apoiantes do Não com coragem são demasiados emotivos, alvos fáceis para serem tratados como perigosos extremistas.
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