segunda-feira, janeiro 22, 2007

Liberalizar porque se faz: opção governativa?

Há muitos argumentos do sim que respeito e acho coerentes. Aliás, quase todos, o problema é quando os tentam usar todos ao mesmo tempo: não é compatível conciliar o aborto como forma de permitir a liberdade sexual da mulher com dizerem que não defendem o aborto como método contraceptivo. Não é possível conciliar o "corpo é meu" com "o problema são as mulheres sem recursos que recorrem ao aborto clandestino".

Agora, o liberalizar porque se faz na mesma, é o chamado argumento de merda! Mas, atenção, este argumento é uma presença constante na forma de legislar! Recordo-me de o ouvir o mesmo argumento servir para legalizar as touradas de Barrancos (eu também sou contra, mas não deixo de achar divertido as pessoas que defendem mais os touros que uma vida em fase embrionária), e mais divertido, o antigo ministro do PS, Armando Vara, justificar que ia passar a ser permitido jovens de catorze anos conduzirem uma acelera, porque havia muitos que o faziam. Ele disse assim mesmo, numa conferência de imprensa.

é absurdo e ridículo que pessoas ligadas ao panorama governativo considerem o violar constante da lei uma motivação para que a Lei seja mudada. Tem tanto sentido como liberalizar a velocidade nas estradas portuguesas: "porque as velocidades são na mesma ultrapassadas"

11 comentários:

Anónimo disse...

Nisso tudo o não tem razão . Não tem razão é na questão da vida . Porque não há vida no feto . É injusto o não não querer respeitar quem segue a ética do criador de vida . Vote Sim!

João Casimiro disse...

Quem segue a ética do criador da Vida?
Essa é uma publicação recente de alguma editora?
Acho que para não confundir o que se entende por criador da vida, é importante referir para si quem é o criador da vida e qual a ética pela qual ele se rege!

Anónimo disse...

Criador de vida é todo aquele que transforma matéria inanimada em vida . Quem tem um filho é um criador de vida .
A ética do criador de vida indica que :
Temos responsabilidade de dar boas condições à vida que criamos, porque só assim a podemos olhar olhos nos olhos e dizer-lhe que fizemos o melhor que podíamos .
Como consequência, não temos responsabilidade nenhuma em relação à matéria prima que usámos para criar vida :
Porque se considerarmos que essa matéria tem direitos e obrigar-mo-nos, por exemplo, a ter o máximo de filhos que podemos, a vida que criarmos não tem boas condições . E isso é um crime .
Porque a matéria prima não nos olha olhos nos olhos. Nem persegue a nossa consciência.
O que não tem vida, como o feto, é matéria prima e deve ser tratado como tal .

Anónimo disse...

anti-aborto.blogspot.com

João Casimiro disse...

Quem tem um filho é o criador da vida e deve dar condições para que se tenha esse filho.

Exactamente, e para isso servem os meios de contracepção e o planeamento familiar. Se achamos que não temos condições para ter filhos, usemos os meios que estão ao nosso alcance para não os fazermos.

A sua opinião vai ao mais rebuscadamente mau do aborto, que é o facto de o usarmos como meio contraceptivo.

Não me vou alongar nesta discussão que tenho consigo, porque já percebi que estamos naquele impasse em que não conseguiremos sair: você acha que não há vida (só quando temos consciência) e eu acho que há. E deste fundamento radica uma opinião claramente divergente.

Mas ainda bem que me "esclareceu" em relação a este assunto. Assim, quando uma colega minha vier ralhar comigo (como de costume) por não tratar da planta que está aqui à minha frente e que pode morrer, eu direi: Não sejas tonta, esta planta não está viva, porque não tem consciência de si mesma.

E já agora liberalizemos a morte de crianças. Se acharmos que o nosso filho que já nasceu está a mais e não temos condição de os criar, deixemos que eles possam morrer. Porque após o nascimento eles ainda não têm plena consciência de si mesmos. Só com perto de um ano de idade é que as crianças conseguem identificar que aquela figura que vêem no espelho é o reflexo delas próprias. É aí que começa a consciência!?

Eu não tenho hábito de chamar filho a plantas e animais, por isso, quando a minha mulher estiver grávida, desde o primeiro minuto, eu vou dizer que é o meu filho que ali está. Não é uma planta, nem um animal, nem uma coisa, nem vai passar a ser mais meu filho quando passar a ter unhas, ou dentes, ou funções cerebrais. É o meu filho, é a vida que eu gerei que ali está, desde o primeiro momento.

Não vamos "chutar" para canto os problemas. Se achamos que não temos condições para ter um filho, há meios de os evitar. Se o aborto deve ser liberalizado para aquelas pessoas que não têm condições de os criar, então passemos a pedir a declaração de IRS para aferir acerca de quem tem realmente necessidade.
Se o problema são as condições de vida das pessoas, ataquemos o problema, e não chutemos para canto com uma solução que nada resolve, essas condições mantêm-se.

Que pena a minha avó materna já não ser viva, para eu a poder destratar. Que inconsciente que ela foi em ter cinco filhos, quando quase não tinha condições para criar um apenas. Que obrigou o meu pai a ter de abandonar os estudos (indo contra o que a professora lhe dizia que era o correcto) e a começar a trabalhar aos 10 anos de idade, nas obras, para ajudar ao seu sustento, e ao sustento dos irmãos!
Como é que foi possível a minha avó ser tão preversa!

Obrigada Avó! Sem ti não estaria aqui!

Anónimo disse...

O Governo, Nós e os "que não são nada"

Andamos a discutir o "sexo dos anjos", o Sr. Otto Costa acha que a "matéria prima" ou "feto" não é nada... não é vida... eu acho que sim, chame-lhe o que quizer.. até lhe pode chamar "repolho" ou "nabo" mas é vida... e isso está cientificamente provado, quem sou eu para ir contra esta questão??

Quero agradecer-lhe por me chamar (não só a mim mas as todas as mães e pais) criadores de vida, é maravilhoso ser criador de vida!

Disse também que "a matéria prima não nos olha olhos nos olhos. Nem persegue a nossa consciência.", tem razão que não nos olha "olhos nos olhos" mas quanto à consciência... lei-a o livro sugerido neste blog "EU ABORTEI" e não sou eu que o digo, são elas...

O Governo achou por bem levar a referendo o que já havia sido referendado e decidido por quem votou, certo.

O Governo achou por bem tributar em 10% as doações feitas acima de 500 € mesmo entre familiares, obrigando-as a ser declaradas em sede de IRS. Referendou???

O Governo achou por bem gastar milhoes no metro do Porto tendo excedido já o valor orçamentado. Referendou???

O Governo achou por bem decidir que até às 10 semanas se pode implementar o aborto como mais um método contraceptivo. Solução: "Muda-se a questão e voltamos a referendar"


Politiquices

Rute Casimiro disse...

Em primeiro lugar, quero agradecer pelo excelente nome que alguém deu aos pais e mães: "criadores da vida"! Sinto-me extremamente satisfeita e com uma responsabilidade enorme! Apesar de apenas acreditar num único Criador da vida! Mas não me importo de ser uma das escolhidas para essa missão que é acolher a vida que nos é dada!

Não sei se alguém já experimentou perceber exactamente, o que acontece no momento da fecundação e como é que se entende que um conjunto de células (que também ninguém consegue visualizar bem o que são, pelo menos eu) dê origem aquilo que somos hoje e de que temos consciência! Sim, porque só agora, depois de ter tido a capacidade para estudar, tomei consciência daquilo que sou e como apareci, embora seja muito complicado para mim, entender que daquelas células apareceu todo este pedaço de "matéria" que sou hoje! É no mínimo misterioso, como ocorrem todas aquelas transformações! De repente, na diferença de um dia, passamos de matéria inanimada, a um pedaço de gente, com cabeça, tronco, membros, órgãos dos sentidos, órgãos sexuais, órgãos ou vísceras internas, unhas, cabelo, pele, etc. É no mínimo muito curioso que tudo se passe num dia! Sim porque às 10 semanas e um dia eu já fui pessoa, ser humano, antes disso, algo indefinido, como descreve o Sr. Otto Costa e tantos defensores anti-vida!

Mas falando de vida, acho fabuloso todo este mistério da transformação e desenvolvimento intra-uterino, e acho ainda mais fascinante o facto de uma mulher, que também já foi uma coisa (segundo o Sr. Otto), ser o único Ser Humano capaz de poder repetir todo esse processo em si mesma!

Só não consigo entender, como se podem apoiar e beneficiar, todos aqueles que querem acabar com a vida humana, ganhando dinheiro com isso, e se deixam vidas morrer, em bancos de hospital, sem que lhes seja oferecido qualquer subsídio.

Não consigo entender, como passaram a estar os serviços hospitalares quando uma mulher chegar para fazer um aborto e tiver que esperar. Ah! É verdade, isso não pode acontecer, até porque todos vamos ajudar e pagar para que ela possa usufruir do serviço privado. Enquanto isso, não existe dinheiro para salvar outras vidas, que até poderá ser a nossa!

Mas deixando as minhas preocupações de lado, gostava de deixar um agradecimento especial à minha mãe, que teve 6 filhos, e apesar de todas as dificuldades deixou-nos a todos viver. Mais do que isso, por infelicidade perdeu um filho, devido a uma doença grave, e nessa altura engravidou de mim. Podia ter decidido o aborto, justificando as condições psicológicas em que se encontrava. Ainda bem que não o fez e eu nasci!

Todos os que têm defendido ou não a vida, lembrem-se em primeiro lugar de agradecer porque alguém lhes quis dar a oportunidade de poderem vir a ser "gente" antes de exterminarem aquilo que afinal era só uma "coisa" ou "matéria".

E o Sr Otto Costa, agradeça, porque hoje é uma "matéria" que até teve direito a um futuro e tem direito a expressar-se contra outras vidas! Que grande liberdade a sua!

Anónimo disse...

Há uma coisa neste diálogo que ainda não percebi... O Sr João Casimiro, a Sra Elisabete Patrocinioe a Sra Rute têm as suas ideias e podem não abortar nunca em coerência com o que pensam. Mas porque é que nos querem obrigar a agir pela vossa consciência ? Acho que os meus argumentos têm o mínimo de cabimento para que, mesmo que se pense que estamos a agir mal, se nos dê paz para agirmos com a nossa consciência . Porque é que não nos querem dar isso ?

João Casimiro disse...

Disse que não ia continuar uma discussão e pretendo manter a minha palavra, mas respondo apenas à interpelação directa que me fez.

Na minha consciência eu não deverei roubar, não deverei matar, não deverei violar, não deverei abusar de crianças.

Mas porque haverei eu de querer obrigar os outros agir segunda a minha consciência?

Vamos também nestes casos "dar paz de agir" segundo a consciência de cada um. Afinal, em todos os casos, estamos a tratar de questões de liberdade de cada um de nós de influenciar os outros.

Estamos perante um referendo em que teremos de dar a nossa opinião sobre o que deverá regular o funcionamento da sociedade. As leis foram feitas para regular a sociedade e para assegurar que as pessoas não possam estar a agir contra outras apenas porque a sua consciência assim lhes dita, seja no aborto, no roubo ou no homicídio. Tem de haver uma linha de pensamento de toda a sociedade. E é nisso que eu, de acordo com a minha consciência, tenho uma palavra a dizer acerca do rumo que quero que o país onde eu vivo tome.

Se, na minha opinião, o aborto é uma coisa má, porque hei-de querer que a legislação o preveja?

Se acho que a violação é uma coisa má, porque hei-de querer que a sociedade o tolere? Apenas porque muitas pessoas violam outras?

Se o homicídio é um erro vou querer que a legislação portuguesa não o condene? Apenas porque não o conseguimos eliminar?

Na minha opinião não poderemos isolar a problemática do aborto de outras questões que estão legisladas.

A sua opinião é que o aborto não é mau, a minha é contrária.
Você luta para que ele possa ser liberalizado e que a sociedade o tolere. Eu acho que esse é um caminho de facilitismo e de alheamento à realidade dos problemas que muitas vezes estão em causa.

Eu não o vou convencer do contrário, você também não me vai convencer a mudar a minha opinião.

Por isso, em consciência, no dia 11 de Fevereiro teremos a nossa oportunidade de a manifestar no boletim de voto.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Sr João Casimiro

Certo, já percebi que não vai mudar de opinião e que, seja, vote não no dia 11 . No entanto não queria deixar de apontar um problema grave no seu raciocínio . Diz-me que tudo o que acha mal deve ser proibido . Eu acho mal que vote não, acha que devo pugnar por proibir o seu voto ? Acho mal que as pessoas usem carro, devo querer criar uma lei para prender os condutores ? Acho imoral que pessoas sem posses tenham filhos . Então, faria uma lei para as obrigar a abortar ?
Numa democracia, há coisas proibidas, como diz e bem, e que são indefensáveis, como matar, abusar e violar crianças . Mas há outras que têm que ser permitidas, para que não haja ditadura de um ser humano sobre o outro : Pensar, trabalhar, votar, proteger os nossos filhos, etc . Quando uma ideia é defendida por tanta gente, para além de ser fortemente fundamentada pela ciência, acho que deveria fazer parte do segundo grupo e não do primeiro .

Muitas felicidades

Anónimo disse...

De toda a discussão saudável que se gerou neste capítulo é de salientar a manifesta confusão de ideias e de argumentos, nomeadamente, e sem querer ofender, do sr. Otto costa. Aquilo que se considera mal ou bem não é fruto de um acho que ou não acho que. Isso é completamente recuarmos a Descartes e cairmos no solipsismo: só aquilo que penso é que vale e existe. Há um desenvolvimento civilizacional que nos antecedeu e que ajudou a verificar que há coisas que são mal e por isso temos de as limitar, proibir, regular, ... uma delas e primeira é regular, limitar tudo aquilo que ponha em causa o valor fundamental da vida. Só assim poderei exercer os demais direitos. ninguém consegue exercer o direito à liberdade se lhe for negado o direito à vida. Agora o que se coloca é: quando é que há vida para que seja protegida como direito? Aí é que temos de nos socorrer da ciência e esta é clara hoje em dia, coisa que não aconteceu em séculos atrás.

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