quinta-feira, fevereiro 01, 2007

O papel da Igreja no referendo tem sido mal interpretado... deturpado

Tenho ouvido rumores de a Igreja estar a dar palpites, que não deveria dar...

Se o Primeiro Ministro dá opinião e apela ao Sim, porque não um padre apelar ao Não?


Depois.. ou se é Cristão, ou não se é... se somos Cristãos e proclamamos a todos que o somos e pedimos a benção de Deus no casamento católico... e depois vimos dizer que "Oh Deus.. tu não te metas que isto é comigo"... hum...
Quanto à contracepção, a Igreja cresceu e evoluio muito, ao contrário daquilo que se quer fazer passar.
Numa carta "
ÀS FAMÍLIAS" de Joao Paulo II que aqui transcrevo um excerto, ele apela à maternidade e paternidade responsavel (atenção que o aborto nunca foi visto como solução pela Igreja como contracepção).

" (...)
A paternidadee a maternidade responsável
12. No delineamento da presente Carta às Famílias, é chegado o momento de acenar a duas questões conexas entre si. Uma, mais genérica, diz respeito à civilização do amor; a outra, mais específica, refere-se à paternidade e maternidade responsável.
Dissemos já que o matrimónio suscita uma singular responsabilidade pelo bem comum: primeiro dos cônjuges, depois da família. Este bem comum é constituído pelo homem, pelo valor da pessoa e por quanto representa a medida da sua dignidade. O homem possui em si esta dimensão em qualquer sistema social, económico e político. No âmbito do matrimónio e da família, porém, esta responsabilidade torna-se, por muitas razões, ainda mais «empenhativa». Não é sem motivo que a Constituição pastoralGaudium et spes fala de «promoção da dignidade do matrimónio e da família». O Concílio vê em tal «promoção» uma tarefa tanto da Igreja como do Estado; todavia, ela permanece, em cada cultura, primariamente um dever das pessoas que, unidas em matrimónio, formam uma família específica. A «paternidade e maternidade responsável» exprimem o compromisso concreto de actuar esse dever, que, no mundo contemporâneo, reveste novas características.
De modo particular, paternidade e maternidade responsável referem-se directamente ao momento em que o homem e a mulher, unindo-se «numa só carne», podem tornar-se pais. É momento impregnado de um valor peculiar, quer pela sua relação interpessoal quer pelo seu serviço à vida: eles podem-se tornar progenitores — pai e mãe —, comunicando a vida a um novo ser humano. As duas dimensões da união conjugal, a unitiva e a procriadora, não podem ser separadas artificialmente sem atentar contra a verdade íntima do próprio acto conjugal (31).
Este é o ensinamento constante da Igreja, e «os sinais dos tempos», de que hoje somos testemunhas, oferecem novos motivos para reafirmá-lo com particular vigor. S. Paulo, tão atento às necessidades pastorais do seu tempo, exige clara e firmemente que se «insista oportuna e inoportunamente» (cf. 2 Tim 4, 2), sem qualquer temor pelo facto de «já não se suportar a sã doutrina» (cf. 2 Tim 4, 3). As suas palavras são bem conhecidas de quantos, compreendendo profundamente as vicissitudes do nosso tempo, esperam que a Igreja não só não abandone «a sã doutrina», mas antes, a anuncie com renovado vigor, perscrutando nos actuais «sinais dos tempos» as razões para um ulteriore providencial aprofundamento da mesma.
Muitas destas razões encontram-se já nas próprias ciências que, partindo do antigo tronco da antropologia, se desenvolveram em várias especializações, tais como a biologia, a psicologia, a sociologia e as suas posteriores ramificações. De certo modo, todas giram à volta da medicina, simultaneamente ciência e arte (ars medica) ao serviço da vida e da saúde do homem. Mas as razões, a que se acena aqui, emergem sobretudo da experiência humana que é múltipla e, em certo sentido, precede e segue a própria ciência.
Os cônjuges aprendem por experiência própria o que significam a paternidade e a maternidade responsável; aprendem-no também graças à experiência de outros casais que vivem em condições análogas, e tornam-se assim mais abertos aos dados das ciências. Poder-se-ia dizer que os «peritos» como que aprendem dos «cônjuges», para serem depois, por sua vez, capazes de instruí-los competentemente acerca do significado da procriação responsável e dos modos de a realizar.
Este argumento foi tratado amplamente nos Documentos conciliares, na Encíclica Humanae vitae, nas «Proposições» do Sínodo dos Bispos de 1980, na Exortação apostólica Familiaris consortio, e em intervenções análogas até à Instrução Donum vitae da Congregação para a Doutrina da Fé. A Igreja ensina a verdade moral acerca da paternidade e maternidade responsável, defendendo-a das visões e tendências erróneas hoje difusas. Por que motivo faz isto a Igreja? Será, talvez, porque não se dá conta das problemáticas invocadas por quantos aconselham cedências neste âmbito e procuram convencê-la inclusivamente com pressões indevidas, quando não mesmo com ameaças? Não raro, de facto, o Magistério da Igreja é acusado de estar superado já e fechado às instâncias do espírito dos tempos modernos; de realizar uma acção nociva para a humanidade, e inclusive para a própria Igreja. Ao manter-se obstinadamente nas próprias posições — diz-se —, a Igreja acabará por perder popularidade e os fiéis afastar-se-ão cada vez mais dela.
Mas como é possível sustentar que a Igreja, especialmente o Episcopado em comunhão com o Papa, seja insensível a problemas tão graves e actuais? Foi precisamente neles que Paulo VI entreviu questões de tal forma vitais que o impeliram a publicar a Encíclica Humanae vitae! O fundamento sobre o qual se baseia a doutrina da Igreja acerca da paternidade e maternidade responsável é bem amplo e sólido. O Concílio indica-o, antes de mais, no ensinamento sobre o homem, quando afirma que ele é «a única criatura sobre a terra a ser querida por Deus por si mesma» e que não pode «encontrar-se plenamente a não ser no dom sincero de si mesmo» (32). Isto porque ele foi criado à imagem e semelhança de Deus e redimido pelo Filho unigénito do Pai, feito homem por nós e para nossa salvação.
(…)
Eles vivem, então, um momento de especial responsabilidade, também em razão da potencialidade procriadora conexa com o acto conjugal. Os esposos podem, naquele momento, tornar-se pai e mãe, dando início ao processo de uma nova vida humana, que depois se desenvolverá no seio da mulher. Se a mulher é a primeira que dá conta de ter-se tornado mãe, o homem com quem se uniu em «uma só carne» toma consciência, por sua vez e através do testemunho dela, de ter-se tornado pai. Da potencial e, em seguida, efectiva paternidade e maternidade, ambos são responsáveis. O homem não pode deixar de reconhecer ou não aceitar o resultado de uma decisão que foi também sua. Não se pode esconder por detrás de expressões como: «não sei», «não queria», «foste tu que quiseste». A união conjugal comporta em todo o caso a responsabilidade do homem e da mulher, responsabilidade potencial que se torna efectiva quando as circunstâncias o impuserem. Isto vale sobretudo para o homem que, apesar de ser também ele artífice do desencadeamento do processo gerador, fica biologicamente distanciado do mesmo: é na mulher, de facto, que aquele se desenvolve. Como poderia o homem não se sentir comprometido nele? Impõe-se que ambos, o homem e a mulher, assumam conjuntamente, perante si mesmos e os outros, a responsabilidade da nova vida por eles suscitada.
Esta é uma conclusão partilhada pelas próprias ciências humanas. Mas é preciso ir mais longe, analisando o significado do acto conjugal à luz dos referidos valores da «pessoa» e do «dom». É o que faz a Igreja com o seu constante ensinamento, em particular no Concílio Vaticano II.
(…)
Ao concluir a nossa reflexão sobre este argumento tão importante e delicado, desejo dirigir uma palavra de particular encorajamento sobretudo a vós, caríssimos cônjuges, e a todos aqueles que vos ajudam a compreender e a pôr em prática o ensinamento da Igreja sobre o matrimónio, sobre a maternidade e paternidade responsável. Penso de modo especial nos Pastores, nos muitos peritos, teólogos, filósofos, escritores e editores, que não se acomodam ao conformismo cultural dominante, mas estão corajosamente decididos a «ir contra a corrente». Aquela palavra de encorajamento vai ainda para um grupo cada vez mais numeroso de peritos, médicos e educadores, verdadeiros apóstolos leigos, para os quais a promoção da dignidade do matrimónio e da família se tornou uma tarefa importante da sua vida. Em nome da Igreja, digo a todos o meu obrigado! Sem eles, que poderiam fazer os Sacerdotes, os Bispos e até mesmo o próprio Sucessor de Pedro? Disto me fui convencendo sempre mais, desde os primeiros anos do meu sacerdócio, quando comecei a sentar-me no confessionário, para partilhar as preocupações, os medos e as esperanças de tantos esposos: encontrei casos difíceis de revolta e recusa, mas ao mesmo tempo tantas pessoas admiravelmente responsáveis e generosas! Enquanto escrevo esta Carta, tenho presente todos estes cônjuges e abraço-os com o meu afecto e a minha oração.
(...)"

1994 - ANO DA FAMÍLIA
CARTA DO PAPA JOÃO PAULO II
ÀS FAMÍLIAS

Por vezes, olhamos para as coisas como queremos e atribuimos significados que não estão lá escritos... contornamos as questoes.. facilitamos... deixamos de ter noção do correcto.
João Paulo II, um papa do futuro, trouxe à Igreja a liberdade de escolha numa maternidade e paternidade responsável.


Como cristã que acredito na vida, não vejo o aborto como escolha. Voto Não.



Este é o site onde está publicada a carta, para uma consulta mais atenta:

http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/documents/hf_jp-ii_let_02021994_families_po.html

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