segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Será assim tão difícil compreender?

Imagine que vai a andar na rua e vê um pai a espancar severamente o filho. Quando digo espancar, digo mesmo espancar... quase a matar o filho (que exagero o meu, ninguém é capaz de matar o próprio filho...) você intervém, ou diz simplesmente que não é consigo, porque o filho é de outro, a vida é de outro, aquilo não lhe diz respeito? Em princípio intervém, nem que seja a chamar alguém.

Chamam-me de intolerante porque quero impôr a minha visão de vida aos outros, porque quero obrigar os outros a decidir como eu. O que se passa, é que mesmo não tendo nada a ver com o filho daquela pessoa, tal como não teria nada a ver com um filho de alguém a ser espancado, eu vejo ali, naquele ventre, um ser humano, uma vida humana. Não posso achar bem, não posso ficar bem, por ver uma vida a ser aniquilada. Não é ser intolerante, é ser humanista.

Sou intolerante porque vejo na barriga de cada mulher grávida um ser humano? Que grande besta que eu sou... sou intolerante por achar que aquilo que vai naquela barriga é tão humano como aqueles outros que meses antes de nascerem já tão cheios de roupas e roupinhas, e que toda a família quer ver o raio da ecografia?

já agora, que raio de esquerda é esta que diz que filho de pobre não tem direito a nascer? que só pode nascer quem tem condições para ser criado! A selecção do Brasil ficava reduzida à mediania...

3 comentários:

Arrebenta disse...

A Noite de Cristal

Nunca um boneco de plástico serviu tantos colos: por outras palavras, cansei-me. Acabou o tempo de jogo limpo e vamos ao resto das armas. Como diz o Poeta do Sorrobeco, é chegada a hora de dizer "Não".
Os meus piores pensamentos vêm-me pela noite, quando todos regressam a casa, e o fundo de cada rua, como dizia o meu ilustre antepassado, se "assemelha a uma veneza de tédios".
Hoje, pensei que estava na Europa, onde os referendos são convocados, quando se verificou uma tal clivagem na sociedade, e os jogos de bastidores partidários tão inoperantes que é necessário chamar a Democracia Directa, ou seja, o cidadão, em desespero de causa do equilíbrio de forças, sobrepõe-se aos seus representantes eleitos, e é obrigado a tomar uma posição individual, sobre um tema pantanoso e indeciso.
Em Portugal, onde as coisas funcionam todas ao contrário, o ser vil e cobarde que nos governa resolveu lançar a público um referendo que, pelo contrário, veio clivar, fracturar e tornar ainda mais não-dialogante toda a traumatizada sociedade portuguesa. Já há muito que não lhe desculpo uma, tenho sido coerente na minha linhagem discursiva sobre a criatura, todos sabem que lutei contra o Cavaco, por já saber que ele ia ser um dócil "pequinnois" deste abjecto estado de coisas, todos sabem que tudo farei para que Sócrates caia, como o Muro de Berlim, como o Thomaz, naquele dia de festa, como a estátua de Saddam, em Bagdad, como em tantos outros momentos da euforia dos povos contra a vileza dos seus governantes. Hoje, defronte de muitos fundos de ruas de venezas de tédios, escrevi-lhe uma carta mental, uma coisa simples, que lhe dizia que necessitávamos, neste momento, em Portugal, de uma bateria de referendos, o referendo sobre a idade da reforma, o referendo sobre o Portugal das regiões, o refrendo sobre termos acesso a 20 anos de canais de desvio de fundos comunitários, o referendo de sabermos os nomes de quem nos lançou para a Cauda da Europa, o referendo sobre o salários dos presidentes dos conselhos de adminstração das empresas públicas, o referendo sobre a incompatibilidade de transição entre cargos políticos e conselhos de administração privados, e vice-versa, o referendo sobre a Ota, o referendo sobre a impunidade judicial de certas figuras, o referendo (retroactivo) sobre a aplicabilidade de fundos em coisas como estádios de euros-2004, o referendo sobre ter sido Carlos Cruz a decidir dissipar dinheiros públicos para trazer para Portugal monstros, ele próprio, monstro, incluído, o referendo sobre os poderes do cidadão para impedir a prescrição de certos processos, o referendo sobre o Segredo de Justiça, o referendo sobre o dia a dia que ele, constantemente, nos corrói.
Do lado de lá, só o silêncio, e cada rua era uma veneza de tédios, a dizer-me, mas ele vai-te dar um primeiro referendo, e que vem já aí, no dia 11 de Fevereiro, e eu, dialogando com cada fundo de rua uma veneza de tédios, disse, pois eu quero os outros primeiro, e, quando me devolverem o meu dever democrático de pronunciamento directo, também falarei sobre o Aborto, mas só depois.
Não vai haver nenhum referendo sobre nada, e a minha posição final -- com exclusão de alguma imprevisível hecatombe -- passou a ser a seguinte: posto que um governo dotado de Ignomínia Absoluta, em nada, nem em nenhum dos seus actos, consultou os cidadãos portugueses sobre dezenas de matérias sensibilíssimas para o seu bem-estar, o seu viver presente, e o seu futuro, e agora decide usar, sem apelo nem agravo, o ventre feminino como campo de batalha, compete-me, como cidadão europeu, e, por azar, português, pronunciar-me contra a realização de um tal referendo, o que farei, por todos os meus cívicos postos ao meu dispor. É chegada a hora de dizer "Não", de dizer "Não", a todos os discursos do fantoche; é chegada a hora de dizer "Não" a cada uma das suas aparições públicas, de apagar a televisão, de cada vez que surge, é chegada a hora de congregar do mesmo lado desta trincheira, todas as forças políticas, todos os movimentos, todas as iniciativas populares que se oponham à sobrevivência política da criatura. No dia 11 de Fevereiro, em abstracto, vamos ter uma intervenção cívica, de democracia directa, onde, independentemente do tema -- e é lastimável, ó, como eu lastimo que o tema seja aquele, e que a canalhice e a falta de vergonha do verme o tenham escolhido!... -- é tempo de dizermos ao Boneco de Plasticina, "Não!...", Sr. Sócrates, "Não!...", Sr. "Eng.", "não", à sua cobardia política, "Não", à sua impiedade, "Não", a este permanente coarctar dos nossos direitos cívicos e humanos; "Não", a qualquer iniciativa política que saia do seu antro, "Não" puro e simples, ao seu Referendo do Aborto. Quero que esse "Não" seja sentido, por si, como uma expressão de nojo de uma população inteira sobre tudo o que você representa e defende.
Votar "NÃO" é também votar contra esta Abjecção que nos governa.
E agora comam-me vivo: estou às vossas ordens.
Muito boa noite.

Anónimo disse...

Gostaria de deixar também uma opinião/reflexão, no seguimento daquilo que foi dito pelo Karl marques.
Fico algo impressionada e chocada quando oiço ouvir dizer que "coitadinha daquela senhora que não pode ter a criança e não a deixam optar"; "coitadas daquelas que já não sabem o que fazer e agora ainda querem sacrificá-las mais e condená-las, não as deixam ser livre de escolher se matam ou não o seu bebé". Sim o seu bebé, nunca ouvi nenhum ginecologista olhar para a ecografia e dizer: "aqui tem o seu monte de células", ou "aqui está qualquer coisa que ainda não sabemos o que é, mas tem o DNA igual ao ser humana, por isso provavelmente nascerá um bebé, que por acaso é seu filho". Não sei, mas acho fantástico que se tenham dúvidas acerca disto!
Mas o que eu gostaria de comentar tem que ver com esta questão de se estar a discutir entre uma vida e a escolha de uma mulher, entre uma vida e o facto de uma mulher ter direito a fazer uso da sua consciência com liberdade absoluta, etc.... E às vezes eu pergunto: se é uma questão de liberdade na decisão de como quero tratar do meu filho (ainda por nascer, mas já é o meu filho), então eu quero ver discutidas todas as questões que têm que ver com a forma de como se tratam os filhos, para sermos justos para todas as mães! Ora, porque é que uma mãe pode ser julgada e acusada de negligencia por trazer o seu filho sem cadeirinha no carro (que é obrigada a fazê-lo), se ela é que tem toda a liberdade e consciência de qual a melhor forma para tratar a criança? Não deveria ser a mãe também a escolher o que deveria fazer? Porque é que uma mãe é acusada de maus tratos e ainda por cima lhe retiram a criança, que é o seu filho, só porque ela acha que a melhor forma de educar é a dar-lhe umas valentes palmadas (que até o deixam marcado, mas isso pouco importa ela está apenas a fazer uso da sua liberdade sobre o filho que é seu, e está na consciência de cada mãe agir como acha que é melhor!)? Não é isto que se está a defender no aborto? Que a mãe seja livre de fazer uso da sua liberdade sobre o filho, porque se encontra numa situação muito difícil(ou não) e por isso (embora ela não o faça de ânimo leve, tal como uma mãe também não mal trata o seu filho de ânimo leve, porque é seu filho), e por isso tem o direito de encontrar a solução que considera melhor para si? É realmente chocante quando se aborda a questão desta maneira, mas não é menos chocante admitir que a solução para uma mãe seja matar o seu próprio filho, sem sequer poder saber se teria outra alternativa, ou se aquele filho poderia ter tido a oportunidade de ser um grande homem ou mulher. Não deve ser esta a melhor opção certamente! Por isso eu sou contra o aborto.

solitarioh2005 disse...

O anónimo tem imensa razão.
Antes da criança nascer a mãe tem direito a optar matar o filho ou não.
Depois de nascer , ai jesus se der uma palmada.
Não faz sentido nenhum esta forma de ver.
É completamente sem sentido.
Até determinada altura a mãe tem poder de vida ou de morte.
Depois acabou-se.

Realmente eu dantes tinha pena das crianças se via o pai bater.
Vou mudar.

O filho é dele.
É dessa forma que a sociedade vê as coisas.
O filho é da mãe.
A Mãe tem poder de vida e morte sobre o filho.

Agora se vir mãe bater penso : Tás a levar pancada mas plo menos ela não te abortou.
Visitem o meu blog.

Free Blog Counter